As últimas décadas testemunharam o crescimento de empresas poderosas que são praticamente inexpugnáveis à concorrência. Esta é uma boa notícia para os seus investidores, mas uma péssima notícia para clientes, trabalhadores, outros stakeholders e a própria democracia. O professor de economia Jan Eeckhout explica com lucidez por que o poder de mercado é tóxico para a economia e contraria os princípios mais fundamentais do capitalismo.
Embora os trabalhadores sejam muito mais produtivos, eles estão recebendo uma fatia menor do bolo econômico do que quando eram menos produtivos.
Atualmente, a supremacia salarial dos trabalhadores com ensino superior é de 96%, em relação aos trabalhadores com apenas o ensino médio; em 1980, representava 46%. E como a tecnologia revolucionou a produtividade – permitindo que algumas empresas dominassem os seus mercados – muitas funções não qualificadas foram terceirizadas. Hoje essas empresas costumam empregar apenas trabalhadores do conhecimento altamente valorizados – que desfrutam de salários muito maiores.
A tecnologia em mudança e o progresso econômico permitiram que algumas empresas desenvolvessem poder de mercado durante o final do século XIX e início do século XX – a era dos “barões salteadores”, como J.P. Morgan, Andrew Carnegie, Cornelius Vanderbilt e John D. Rockefeller. Algo semelhante está acontecendo hoje.
O famoso investidor Warren Buffett afirmou certa vez que o seu investimento ideal é um negócio tão protegido dos concorrentes quanto um castelo cercado por um fosso. O monopólio permite que uma empresa cobre preços mais altos, embora preços mais...
Jan Eeckhout é professor e pesquisador na Universidade Pompeu Fabra em Barcelona. Ele também lecionou na Universidade da Pensilvânia, University College London, Princeton University e New York University. O seu trabalho foi apresentado no The New York Times, The Wall Street Journal, The Economist e Financial Times.
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