Você já ouviu uma palestra no TED e ficou impressionado com a eloquência impecável do palestrante? A sociedade elogia essa hiperfluência. Portanto, se nas conversas do dia a dia você vive lutando para encontrar as palavras e é sempre alvo de olhares piedosos, normalmente você sai constrangido e humilhado. Esta é a realidade para a maioria das pessoas que convivem com algum distúrbio da fala, de acordo com Jonty Claypole, ex-diretor da BBC Arts. Claypole é gago mas aceita esta dificuldade com bom ânimo. Ele defende o poder da disfluência e conclama a sociedade a ampliar a sua definição do que seja uma boa comunicação.
“Fluência” e “boa comunicação” não são sinônimos.
O rei George VI da Grã-Bretanha lutou contra a gagueira durante toda a vida. O seu pai, o rei George V, costumava ridicularizar a má articulação do seu filho. Quando menino, George VI era isolado e inibido. Ele odiava os holofotes e se consolava pelo fato de que nunca herdaria o trono por ser o segundo filho. Mas quando o seu irmão mais velho, Eduardo VIII, abdicou com onze meses de reinado, George VI o sucedeu. O novo rei tentou em vão esconder a sua gagueira. Ele enfrentou uma terapia fonoaudiológica exaustiva para controlar a sua disfunção e com muito esforço fez um discurso de coroação. Então a Grã-Bretanha declarou guerra à Alemanha, e o rei foi obrigado a fazer vários discursos extremamente importantes – porém desconfortáveis de ouvir – para mobilizar as tropas e a população em geral.
Mas por que foi necessário esconder o problema de fala do rei? A sociedade acreditava que a gagueira era um sinal de um líder fraco. A gagueira tem má reputação. Muitos a veem como um sinal de disfunção fisiológica ou psicológica, ou ainda como a cicatriz de uma infância angustiante. Os gagos são geralmente alvos de pena e repulsa...
Jonty Claypole, ex-diretor da BBC Arts, é presidente da HOME, um centro de artes com sede em Manchester. O portal The Bookseller listou Claypole entre as 100 pessoas mais influentes em 2020.
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